É PRECISO CRUZAR...

Vivemos em fronteiras físicas, fronteiras psicologias, fronteiras sexuais e fronteiras espirituais que são palpáveis em nosso cotidiano.  Estamos cercados por fronteiras de todos os lados, onde pessoas de diferentes raças, credos, gêneros, ocupam o mesmo território, o mesmo espaço, onde vivemos e  interagimos .
Essas fronteiras nunca foram um lugar cômodo para se viver, um lugar de contradições, paisagens estas marcadas pelo ódio, pelo preconceito, pelo sexismo, pela raiva, exploração e discriminação. A fronteira é essa grande metáfora especialmente quando se busca visibilizar identidades que nascem e vivem nesse espaço.
Ela é o espaço móvel, polifônico, híbrido, feito de incessantes travessias externas e internas, permitindo o experimentar de identidades que mostra as diversas maneiras de viver e transitar na contemporaneidade através de nossos corpos. Esse é o desafio do LEGHI: a constante busca por “historias outras”  dos sujeitos dessa fronteira,  que transitam por  “espaços outros” “vidas outras” , em defesa de sua liberdade, de sua identidade,  de seu gênero.
Nossos desafios são muitos. Precisamos pensar/construir novas subjetividades libertárias emergentes nesses entre-lugares de sinergias fronteiriças. É preciso fazermos experimentações nesses espaços. Como um pensar  nômade — um pensar associado ao movimento fugidio, que escorrega, desvia e desliza, e que nos convida à marginalidade de dilatar nossos  corpos, de deixar o pensamento alargar-se, transpondo esses limites, para que se possa pensar de modo diferente em relação à forma como se pensa.
É preciso nos desafiarmos, sobretudo no que tange à criação, à experimentação e à invenção de [im]possibilidades, contra essa argamassa fossilizada do preconceito, do racismo, da homofobia, do sexismo, da intolerância presente na  sociedade brasileira.
Vivemos nessa fronteira, nessa margem. Entretanto fronteiras não aparecem apenas  para dividir  e diferenciar... mas   há aquelas que possibilitam a união, aquelas que passo a passo vamos atravessando para ao outro lado.
Pensar a fronteira de nossos corpos, nossas sexualidades, nossos gêneros é permitir o contato com o imprevisto, com o alheio, com o diferente.  Mas também é pensar o pre-visto, com aqueles sujeitos que não conhecemos. Precisamos fundamentalmente nos conhecer, e transformar-nos, cruzar o outro lado. Imaginar, inventar, faz com que a barreira fronteiriça seja transposta; o que evidencia uma inversão do estabelecido, do dito, do canônico: o muro assegura o domínio, o status, mas não impede a capacidade inventiva, a transgressão...
O LEGHI enquanto espaço de pesquisa e formação nos leva a novos desafios, o que significa cruzar essa ponte, abandonar esse território significado, pre-visto e transitar num terremos liminar e fronteiriço, onde seja possível e produtivo olharmos uns para os outros, escutarmos e transformarmo-nos pelo contágio/contato.

Sejam bem-vindxs!

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